quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Tratamento de choque para a depressão



Técnica vem sendo amplamente aplicada em hospitais ligados a grandes instituições de ensino
Veículo: Jornal da Cidade - Bauru
Seção: Geral
Data: 16/03/2009
Estado: SP

Um controverso método terapêutico, que costuma evocar no imaginário coletivo reminiscências das antigas práticas de tortura, ainda é considerado por um expressivo número de médicos a mais poderosa arma no tratamento de distúrbios psiquiátricos graves. A eletroconvulsoterapia, termo técnico que designa atualmente o método que utiliza estímulos elétricos para induzir no paciente uma crise convulsiva de curte duração, vem sendo amplamente aplicada em hospitais ligados a grandes instituições de ensino, como as universidades Estadual Paulista (Unesp) e a de São Paulo (USP).

Mais antigo e polêmico tratamento biológico do arsenal da psiquiatria moderna, a eletroconvulsoterapia é um procedimento regulamentado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Atualmente, um movimento no Congresso Nacional vem tentando credenciar a técnica junto ao Sistema Único de Saúde (SUS), de modo que possa ser oferecida de forma gratuita à população.

Defensores da técnica afirmam que a eletroconvulsoterapia é o método mais eficiente para o tratamento de determinados distúrbios psiquiátricos graves, em especial a depressão profunda e a esquizofrenia. Os críticos, por sua vez, argumentam que a terapia de choques ataca apenas os sintomas das doenças e não as causas, sem contar que é invasiva e anuladora do sujeito (leia mais no texto abaixo).

Mesmo os profissionais que se dizem favoráveis ao uso da eletroconvulsoterapia admitem que o método só deve ser usado em último caso, com base em um conjunto de fatores que justifiquem a aplicação dos choques.

Parte dos especialistas garante que a terapia é segura. Séries estatísticas históricas apontam que a taxa de mortalidade relacionada ao procedimento é de dois casos para cada 100 mil pacientes. A quantidade é inferior ao número de óbitos causados pelo uso de medicamentos, que é de cinco para cada 100 mil.

O procedimento dura cerca de dez minutos no total. Antes de ser submetido aos choques, o paciente recebe anestesia geral - essa parte, aliás, é a mais demorada da técnica. Depois que o indivíduo se encontra totalmente relaxado, recebe um estímulo elétrico de baixa intensidade (entre 90 e 600 milicoloumbs), com uma energia máxima de 100 joules (para termos de comparação, aparelhos desfibriladores, utilizados para regularizar as contrações dos músculos do coração, chegam a utilizar 330 joules).

A crise convulsiva obtida a partir desse estímulo tem, em média, 20 segundos de duração, e nesse período o paciente é monitorado por aparelhos de eletrocardiograma e eletroencefalograma, sem contar que tem sua pressão arterial aferida constantemente.

Os estímulos elétricos serviriam para modificar a atividade dos neurônios, células responsáveis pela transmissão dos impulsos nervosos em nosso organismo, fazendo com que o humor do paciente também se alterasse.

Os modernos aparelhos de eletroconvulsoterapia seriam capazes de controlar todos os parâmetros clínicos do paciente. Com isso, a máquina deixaria de emitir o estímulo elétrico quando “percebesse” que não seria bem sucedido.

O número de aplicações utilizadas no tratamento costuma variar de acordo com a situação da pessoa que será submetida à terapia. Mas de dez a 12 sessões (duas ou três por semana) costumam ser suficientes para recuperar portadores de depressões graves.

Mesmo depois de o paciente apresentar melhoras em seu quadro, pode ocorrer de o médico indicar sessões de manutenção de mês em mês para que os sintomas não voltem a se agravar. Há casos, também, em que a pessoa precisa continuar o tratamento com medicamentos para sustentar os efeitos obtidos por meio da eletroconvulsoterapia.
 
Leia mais em: http://abp.org.br/portal/clippingsis/exibClipping/?clipping=9089

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